Pudesse eu ser daquele tempo em
que amor não matava, não sufocava, não vinha com tanta dor na bagagem, com
tanta aflição nos olhos, com tanto medo nas mãos. Queria eu ser daquele tempo,
em que amor não se pedia, não se implorava. Aquele tempo, onde o escreviam com mais doçura, com menos cinismo e
hipocrisia. Onde os lábios eram rachados, e ninguém se importava com aquilo, as
rachaduras eram de tanto sorrir. E quando o amor não acontecia, ninguém se
jogava no meio das ruas, das calçadas, dos bares ou no meio de redes sociais, gritando sua dor
ao mundo, no máximo escreviam poemas melancólicos e os guardavam no fundo de
uma gaveta, e esperavam que o tempo envelhecesse o papal e o mesmo ficasse ilegível. E são desses tempos que eu tenho saudade,
mesmo nunca tendo os vivido, até mesmo que eles nunca tenham existido. Saudade
do que não há, é a que mais dói. Sou do tempo em que amor se inventa.
Samara Santos
Lindo. Tuas palavras foram tão sérias e ao mesmo tempo tão doces. Gostei bastante do teu texto guria. O amor me cansou, sabe. Procuro hoje viver da ausência dele, o que é menos prazeroso, mas menos doloroso também. Um beijo e fique bem.
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