Aqueles dois

Eu vou escrever aqui, como se de alguma forma você pudesse ler e entender. Éramos jovens, não inconsequentes, mas jovens, e é da nossa natureza toda a impulsividade desse mundo, por tudo. Fomos ao mais fundo que poderíamos ter ido de nós mesmos, tentamos seguir as regras que aquele pessoal lá fora nos impunha, mas o amor não é movido a regras, ele faz o que dá na telha, na parede, em toda a casa. Ele é especialista em ir contra toda essa hipocrisia que a sociedade tanto prega. Por isso nos bastou, apenas, um pouco de carinho e afinidade, pronto! Achamos que era o amor, que havia acordado e estava faminto. E os ventos eram contrários a nossa felicidade, os dados foram jogados na mesa, e nosso amor foi testado de todas as formas. Mas um sempre ama mais do quê o outro, isso é um fato! E sim, eu era o que esperava mais, o que sofria sempre que o silêncio invadia nossa mesa, o que fazia figa todas as noites, fazendo pedidos aos Deuses para quê isso desse certo. Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas eu sou humano e me canso fácil, o amor que não tem reciprocidade é facilmente desgastado, nossa felicidade foi suada, pagamos caro por cada sorriso, não estou reclamando, só acho que poderíamos ter remado juntos, mas o barco virou no meio do caminho e nos afogamos na tal da rotina. Nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer. E o mundo, este nunca para de dar voltas, as ondas vão e vem, e olha só pra gente agora, você aí caído de amores por mim, e eu só querendo tua amizade. Lembra que eu te disse que manteria o meu carinho e meu cuidado por você, durante toda minha vida? Então, eu te amo, só não gosto mais de você. Entende?

Samara Santos