O telefone não toca, tudo bem.

É como se algo aqui dentro estivesse temporariamente em processo de aceitação, como uma folha que cai em um rio e se deixa levar, pela água, pelo vento, pelo tempo. O telefone não toca, tudo bem, a porta não abre, tudo bem, o coração taquicardiaco, tudo bem, nada muda, tudo bem. E nesse, tudo bem, vou levando, um pouco cansada confesso, porque no fundo agente sempre espera que algum telefone toque, que alguma porta abra ou mesmo alguém para cuidar do nosso coração tão disparado, mas tudo bem, tudo bem. Já está tarde demais para me dar ao trabalho de entender qualquer coisa da vida, dos dias, das pessoas, tudo bem.

                                                     Samara Santos