Circunda-te de rosas - 1° ano - Junho.

Foi bonito, no exato momento em que descobri em mim o dom de respirar palavras, degustá-las, porque não se pode simplesmente engolir, é preciso sentir o especial significado que cada uma carrega na unificação de cada letra.

Foi lindo o momento em que provoquei minhas primeiras palavras, uma metáfora de sentimentos sendo derramados em tinta na ultima folha de um caderno qualquer perdido entre gavetas do meu quarto, sabendo que ninguém nunca provaria daquele vomito, daquela estranha forma de colocar em folha o que se era sem que ninguém soubesse, mas continuava a vomitar o que era na ânsia de que algum dia aquelas velhas folhas fossem achadas.

Formidável a maneira como isso se tornou contínuo, e como me faz bem, não preciso de terapias, pessoas que não me conhecem, falando o que devo ou não fazer, não preciso de bebidas mais fortes, amigos ou livros –aborrecentes- só preciso de um pouco de tempo e caneta. Não é a cura pra tudo, mas me faz bem... E me sentir bem, às vezes é tão raro.

Mas agora muita gente prova do meu vomito, cheiram minhas palavras, elas são assim como as rosas, de longe são bonitas, cheirosas, e enfeitam as casas das pessoas... Mas é preciso saber tocá-las, porque se você aperta com muita força ela te faz sangrar até com o menor de seus espinhos, e me diga se isso não é mesmo formidável?

 Não é apenas o que se diz, é a forma como se diz que pode mudar toda uma história, toda uma vida, toda uma pessoa... Ou pode não mudar nada. Peço a Deus, que eu nunca me cale, que eu nunca desista de ser o que sou por palavra nenhuma nesse mundo, que eu possa também entender tantas outras palavras vomitadas todos os dias por pessoas que no fundo esperam que gostem delas pelo que escrevem.

Peço a Deus que nunca me tire à doçura do verbo viver

A força do verbo seguir

A beleza do verbo amar

E que eu possa me manter sempre assim, circunda de rosas.

E é isso que desejo também a vocês, circunda-te de rosas.

Samara Santos.