Um dia a caixa abre...



E lá estava ela, a caixa, minha caixa de amores e desistências, de perdas, de acontecimentos, de passados atormentados por lágrimas, a minha caixa de medos, de alguns sorrisos, algumas palavras bonitas até, decepções, traumas, aquela caixa que fechei há uns tempos atrás, pois estava cansada de tantas coisas, de tantos sentimentos, de tantas pessoas indo, indo e indo, e levando algumas partes de mim, levando o que de mais bonito existia e mim, não, não era o amor, levavam a fé que tinha nas coisas bonitas da vida, e em cada ida, ia também um pouco da minha fé e antes que o meu poço de fé se esvaísse resolvi fechar o poço, fechar a caixa. E quando me perguntavam se doía viver com a caixa fechada, eu respondia: sim, DÓIA MUITO, uma dor que não sangra, acho até que se sangrasse doeria menos porque um dia o sangue cessaria e a dor conseqüentemente também, mas não é assim! É uma dor calada, fechada, dentro, no meu tão tão tão pronfundo ser, porque o que me fere são as coisas aprisionadas naquela caixa. E não importa quantas vezes eu diga, eu grite para mim: _ Não vou abrir, não vou abrir, não vou abrir. Eu sempre tropeço no destino e na queda a caixa abre, saem palavras bonitas, saem olhares verdadeiros, fé e algumas poesias, e entra tanta coisa no lugar que fica difícil acomodar tanta vida numa caixa só, porque a vida é isso, um abrir e fechar de caixas, mas viver com a caixa fechada por tanto tempo me causou danos irreparáveis, confesso.

                                                              Samara Santos.

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