Dos fragmentos

No fundo eu realmente não queria ser assim, queria não ter tanto medo, de arriscar, de ir mais fundo dentro do poço, queria não ter esse sexto sentido avisando-me das águas escuras e das pedras nas paredes, quando existem sucessões de erros na sua vida e de falhas a probabilidade de você se tornar uma pessoa pessimista e sempre com um pé atrás para as coisas é muito grande, mesmo as coisas sendo boas, que te deixam feliz, mas é um feliz com pé atrás entende? Deus, já testou tanto minha fé e tanto a minha força, de todas as maneiras cabíveis, e passei, superei, estou viva, mas é difícil saber o que fica depois de cada teste, é difícil contabilizar o que sobra de você em cada aprovação de fé. Sinto que fui me deixando nos caminhos, fui perdendo um pouco de mim em cada lágrima, decepções, traições, mentiras, perdas e danos que já quase não me lembro de como eu era, e depois você segue, e vai deixando de ser, e deixando, e deixando, até não ser mais, além de fragmentos de força e fé.
                                   Samara Santos

Chega de blá,blá,blá...

Prefiro guardar os mais nobres sentimentos, não proclamá-los, agir sim, falar não, porque acho que já banalizaram tanto os antigos e novos sentimentos “século-vinte-um” que se torna meio piegas falar de amor ou de seus derivados, se torna banal entende? Que me perdoem os meus antepassados, mas esse lance de amor verbalizado é muito blá,blá,blá nos dias de hoje... É preferível da minha parte silenciar e deixar ser bonito, nobre, e acima de tudo verdadeiro todo e qualquer sentimento mais forte que possa me ocorrer, eu vou agir, demonstrar de todas as maneiras o que sinto, e quando todas as maneiras acabarem, eu inventarei outras, por isso não se assuste se algum dia eu atravessar a cidade inteira só pra olhar nos teus olhos e te beijar os lábios, mas não espere de mim palavras, eu já vivi o suficiente e até me tornei uma mulher de lata por causa de blá,blá,blá... E vice e versa, não seja piegas, surpreenda-me! Eu aprendi que as palavras traem o que agente sente

                              Samara Santos

Das farpas.

Às vezes o que escrevo não faz sentindo para algumas pessoas, às vezes não faz sentindo nem para mim mesma, mas não importa, o importante é que eu as ponha pra fora, as vomite, as extirpe, aleatoriamente, sem culpa, porque as palavras são como pequenas farpas na mão, ferem e machucam se as deixo presas por muito tempo dentro de mim, mas sei que é preciso cuidado, ter a sensibilidade de alguém que se dói por dentro, para não me tornar uma farpa também.

                             Samara Santos 

Da surpresa.

Penso as vezes que deve ser normal, não esperar nada de ninguém, não esperar que retribuam os seus atos, não esperar absolutamente nada da vida. Penso também alguma coisa de gente adulta, como acreditar naquele sexto sentido, como se fechar um pouco pras coisas, não por medo, mas por cuidado mesmo, penso que agente passa a pensar assim depois que se decepciona muito esperando alguma coisa da vida. Que ela, a vida, se quiser que me surpreenda!                  Samara Santos

Sensitiva.

Sinto que a qualquer momento posso transbordar, tirar de mim esses pesos que me incomodam vez em quando, acho que já não tenho tanto espaço assim para dúvidas, para pensamentos negativos, para intuições, mesmo que esses tenham fundamentos e verdades embutidas, porque me deram esse dom, o de sentir, a tudo e a todos como se soubesse sempre um pouco mais de cada um, sem nem fazer esforço,  e ficam suspensos em meio a lembranças, quando tudo parece uma eterna repetição, daquelas em o que o máximo que se pode fazer é rezar, se por um acaso as coisas em que sempre acreditou tenham virado utopia.

                              Samara Santos

Caminhe, e as coisas vêm a seu encontro.

Agradeço a Deus, por todos os caminhos que já percorri, mesmo alguns sendo tão tortos, mas eu agradeço por ter andado por cada um deles, porque foram neles que eu aprendi a me equilibrar, foram neles que eu caí tantas vezes, em meio a buracos e lombadas, mas eu levante e sobrevivi para contar que eles não matam como muitos pensam, eles nos engrandecem, nos faz entender que é preciso viver inteiramente e intensamente tudo, as coisas boas e as ruins também, porque lá no final, quando olharmos para trás, vamos perceber que tortos não eram os caminhos, tortos éramos nós, que não entendíamos os planos de Deus.

                                                   Samara Santos