Às vezes paro para analisar a que ponto chegou toda a futilidade, todo esse preconceito estereotipado e sujeitado pela sociedade incrédula de “boa ética e moral”, todo esse lixo urbano que o ser humano derrama sobre si mesmo todos os dias preferindo ferir o outro por um suposto “status de popularidade” seja pelo lado físico ou financeiro, enfim, acredito que as coisas realmente bonitas e importantes, independente de “valores” perderam-se em um tempo, muito, muito distante, e me vem uma vergonha medonha dos dias de hoje e sinto pena, pena das pessoas, pena de mim, pena de Deus, pena de você que me lê agora e não consegue entender nada disso, por favor, não leve a mal as palavras duras aqui ditas, sinto-me como se às vezes tivesse a fragilidade de uma caixa de papelão.
De todos os textos que já escrevi e de tantos outros que ainda virão, sem o menor pudor digo-lhe que este foi sem dúvida o mais difícil de por em palavras, mas também o mais bonito, não sei se pela complexidade do sentimento ou mesmo pela pessoa em questão, pelo tempo ou pela própria vida. E de tantas outras certezas que tenho, esta é sem dúvida a maior; Deus escolheu você, para ser minha irmã, não de sangue, mas de alma. Acho muito clichê colocar nestas tão difíceis palavras o quanto e como te amo, mas acho bonito quando alguém descobre apesar de todos os defeitos que possa ter, o quão é importante na vida de alguém e quão é amada por outra pessoa, mesmo, essa, sabendo das suas falhas. Você sabe o quanto sou rigorosa em se tratando de “amizades”, o quanto sou exigente quando o assunto é reciprocidade e que não acredito em “para sempre”, eu acredito mesmo nas coisas boas e ruins que as outras pessoas deixam gravadas em nós, em nossa passagem pela vida, e você soube da forma mais despretensiosa e verdadeira se tornar não apenas a minha melhor amiga, mas a minha irmã de alma, por que melhores amigos todo mundo têm, sabe como é né, conhece a pessoa hoje a amanhã já é BFEF, acho ridículo a forma como alguns seres humanos, se assim podemos chamar, “humanos”, equivocam-se tanto com seus sentimentos e caráter. Você não, não é de hoje, nem de ontem, é de muito tempo, diria que uma vida inteira foi precisa, cada dia, cada escolha, cada acontecimento, cada palavra, foram como as pedras de um alicerce para a nossa morada, esta que chamo de “amizade”, e mesmo assim, com uma vida inteira de trabalho árduo você sabe que a casa de vez em quando balança, mas enquanto estiver segurando a sua parede eu estarei segurando a minha, mas peço a Deus que se algum dia uma das paredes cair, a outra continue de pé, deixando uma lembrança boa da nossa casa, nesse mundo já tão poluído de barracos mal feitos. Demorei muito para lhe escrever eu sei, só estava esperando o momento certo, não escrever por escrever, ou por ser em uma data comemorativa ou por quaisquer outros motivos, queria lhe escrever assim, quando a sensibilidade disso que sinto por ti minha querida, fosse maior que todos os outros porquês, e escorresse nos olhos, na boca e nas mãos. E é esse o momento, meus olhos estão molhados de tanta sensibilidade e não poderia deixar passar o momento, quero que saiba do muito carinho, respeito e orgulho que tenho por ti. Te vi crescer e se tornar essa mulher que é hoje, guerreira, determinada e acima de tudo forte, pois eu sei da vida que leva, levou e ainda levará, por isso uso também esse espaço para pedir a Deus; Senhor, coloca os teus olhos amorosos sobre este ser que com tanto carinho me presenteou, coloca nela o teu manto de proteção, uma dose extra de fé, compreensão e paciência, e que antes, durante e depois ela não perca jamais aquela menina que conheci aos quatro anos de idade, sorridente de olhar brilhante, aquela criança brincalhona que guardo até hoje nas minhas mais belas e preciosas lembranças. Ôh minha amiga, não se perca, não se iluda com falsas palavras, não desanime diante das dificuldades e acima de tudo, tenha sempre fé em alguma coisa, por menor e insignificante que pareça, é o que ainda move a humanidade, e sorria sempre, sempre e sempre, seu sorriso ilumina a minha e a vida de muita gente. Agradeço-te por tudo, por construir comigo essa casa tão bonita, por me dizer o que é preciso ouvir, por aturar as minhas paranoias de inferioridade de quando em vez, não por enxugar as minhas lágrimas, mas por me ajudar a chorar sempre que travo diante da dor, por entender a minha frieza perante a sociedade e seus estereótipos, por entender as minhas palavras muitas vezes supérfluas e complexas, por me ensinar que algumas coisas bonitas, podem ficar ainda mais bonitas e que algumas coisas bonitas são tão feias quanto isso que pregamos ser o “feio”. Enfim, agradecer aqui por me deixar ser quem sou e mesmo assim não ter vergonha de mim, pelo contrário, saber que me quer também como uma irmã, isso para mim não tem preço, e quero que saiba, que aconteça o que acontecer, mesmo que a minha parede caia algum dia, eu ainda estarei debaixo dos escombros, pronta a levantar e construir uma casa ainda mais bonita, e que se a sua parede cair eu solto a minha só para segurar a tua mão e te puxar para que ela não caia em cima de você. Por que eu li uma vez que; “quando alguém diz, eu amo você, é o mesmo que dizer, eu morreria por você.” Poucos sabem disso, mas eu sei e quero que a partir de agora também saiba. EU AMO VOCÊ, minha amiga, irmã. E quando eu me for desta para uma melhor e o cara lá de cima disser “_ Dessa vez você escolhe, quem você quer que seja sua melhor amiga nessa próxima vida?” Eu vou te escolher, eu ainda vou escolher você, de novo e de novo e de novo.
Juro que é sincero, sem demagogia, sem falsa modéstia, ironia, clichê, sarcasmo ou essas coisas pesadas que trago na bagagem faz um tempo, juro que é com amor, ainda que o mesmo seja inventado, remodelado, ajustado para caber certinho aqui nesse meu coração já tão auto seletivo, mas juro que estou falando a verdade quando digo; Com a certeza que jamais o veria, o fiz essência, confesso que muitas vezes choro por que dizem que tu não “existe” e é como se dissessem para uma criança que seu herói, seu papai Noel, suas fadas e seu pequeno príncipe não existe, por que foi assim que te fiz dentro de mim, um ser encantado. Mas se a minha fé for maior que tudo isso, se meu coração conseguir sentir alguma coisa por ti, ainda que pouco, sei que vai valer apena acreditar e eu acredito. Mesmo que algumas vezes eu te negue, tenha raiva de ti ou até chore por essa mania besta de nunca aparecer para ninguém, eu acredito, juro, juro sete vezes se preciso for, eu acredito em você e sei que também me ama. E é por meio deste que venho lhe agradecer; Obrigada pelos meus supostamente 7.300 dias de vida, por essa beleza estagnada na minha alma, por me fazer vê o mundo com doçura apesar dos apesares, obrigada por ser meu vilão nas horas vagas, sei que foi a única forma que encontrou para me dar essas lições que a gente só aprende sentindo dor, é uma honra poder dizer os meus dias difíceis, mas que consegui superar também graças a essa força imposta a mim. Obrigada também por não deixar que jamais o visse, seria um pouco trágico saber que você poderia ser normal e simples como qualquer ser humano, mas prefiro apenas sentir no vento, no sol, nas folhas que agora caem, nas flores, nas poesias, por isso eu te peço não me deixa-te vê, apenas sentir. Obrigada por nunca ter me batido com mãos humanas, nunca foi preciso não é mesmo? Mas não se preocupa meu amigo, meu melhor amigo, doeram mesmo assim. Obrigada pelos valores, princípios e principalmente caráter, porque isso é o que fica. Só tenho a te agradecer por tudo, desde a primeira lágrima até o ultimo sorriso, e quero que sinta-se feliz quando te digo “Não importa o que me disserem você sempre será o meu melhor amigo, minhas fadas, meu papai Noel, meus melhores sonhos, meu pequeno príncipe”. É com os olhos encharcados de amor, com as mãos trêmulas, o coração pedindo a boca passagem para sair, que eu grito em silêncio, DEUS, feliz dia dos pais.
Às vezes eu penso que minha alma é boa demais para esse mundo, para essas pessoas, para essa vida. E me firo de existir. Queria poder me guardar de tudo isso, de todos os males, achar um esconderijo mesmo dentro de mim, e só sairia de lá quando o sonhos, a fé, o amor e todas as coisas bonitas em que acreditava, voltassem. Por isso não estranhem se por um acaso, do nada, eu desaparecer, é que o mundo anda cruel demais para essa minha sensibilidade ferida.
Hoje peço que rezem por mim, uma coisa tipo “Deus, não permita que o brilho de seus olhos apague-se e que o som do riso dela seja eterno, joga nela o teu véu revigorante e aquela areinha do sono, lembra? Joga, joga nela! E sonhos, meu Deus, muitos sonhos. amém”, Mas se já estiver com sua fé mais abalada do que a minha, apenas pense mim antes de dormir, lembrar de alguém com amor ainda que distante, também é um jeito de prece.
Às vezes é preferível ficar no quarto, trancada, mastigando loucuras, molhando os olhos com um pouco de fé, fazendo mil rezas pedindo pra que tudo fique bem, sem pressa, desde que seja agora, porque a qualquer momento a porta pode abrir e tentar acabar com o meu ritual de felicidade inventada, mas vou continuar inventando, por toda a eternidade. A porta abrindo ou não.
_Você poderia ser menos autodestrutiva, exigente...
_É. Eu poderia. Ser menos. Menos sonhadora, menos egoísta, menos paranóica, menos romântica, menos carente, menos amorosa, menos pessimista, menos vaidosa, menos alucinada, menos explosiva, menos ciumenta, menos efusiva... Menos, menos, menos. Poderia ser muito menos.
_Então eu tenho razão?
_Não. Porque se eu deixasse de ser essas coisas, deixaria de ser eu.
As pessoas dizem com tom de repugnância “Quanta infantilidade”, como se agir feito tal fosse crime, como se fosse crime agir feito criança, como se fosse um crime impiedoso olhar as coisas de uma forma simples e bonita, sem dramas, nem pontos e nem vírgulas. “Quanta infantilidade” dizem mais uma vez, com ar de cinismo e ironia, como se fosse muito grave, deixar escapar a criança dentro de nós de quando em vez! Mas não ligo, não me importo, foda-se o seu estereótipo de adulto, isso mesmo FODA-SE! Em letras maiúsculas, deve está me achando infantil agora não é mesmo? Mas creio, que crime mesmo, crime com pena de morte inclusive, é trair a criança que um dia foi, aprisioná-la dentro de um corpo tão cheio de dores e culpas, colocar uma cara de “sabe tudo” e sair por ai esbanjando falsos sorrisos, falsas alegrias, falso! Ser criança é crime? Prenda-me se for capaz! Seu cara de banana!
